O BEBADO E O DIABO



Sivirino copo de pinga
Assim era conhecido na caatinga
Numa segunda de madrugada
Pode se dizer que a terça já dava entrada
Depois de seus familiares já não ter noticia
E há quatro dias rirem a delegacia de policia
Eis que depois de quatro litros de cachaça
Isto só nas duas ultima horas de bagunça
Abraçado em um litro de mangueira
Com os planos de deixar aquela bebedeira
Pelo menos nas próximas doze horas de sono
Da estrada que iria para casa sentiu-se dono
E assim só ele e seu litro de mangueira
Que sempre o-acompanhará em qualquer brincadeira
Viu-se na escuridão daquela estrada
Porem sem temer a absolutamente nada
Coragem que de fato aumentava
A cada beijo que na boca de sua companheira ele dava
Beijos incentivados por cada barulho no matagal
Que aos seus ouvidos espertos nada parecia normal
E quando por de traz das nuvens a lua já se escondia
E da estrada que ali estava toda a claridade varria
Viu-se então um vulto a lhe rodear
E depois um vento e uma voz a lhe falar:
_ sivirino, sivirino. Não quero nada de ti
Peço apenas que me entregue a agua ardenti
_ quem es tu cabra sem vergonha?
Aparece pa ver se aqui mesmo se num apanha
Pois se quer minha cachaça de mim a de tomar
E de tudo. Pinga é só o que me faz brigar
_ sivirino. Comigo tu não te atina nem de brincadeira
Pois a muito neste mundo eu rodo, e muito já fiz besteira
_ pois que venha cabra. Medo num tenho nem do diabo
Quanto mais de sujeito que se esconde e num mostra nem o rabo
_ medo do diabo se num te? Pois todo a de se cagar
No dia em que com o tal tu se deparar
Dei-me a cachaça e vou embora sem rastro deixar
_ já te disse que minha cachaça não ei de lhe dar
Va você comprar a sua, logo ali tem um bar

Então surge um vento tão forte quanto um furacão
E diante de sivirino aparece aquele a quem se chama de cão
E nem mesmo diante de monstruosa criatura
Que tanta feiura é capaz de assustar ate mesmo uma mucura
Nem mesmo diante do que esta ali parado
Sivirino não se ver nenhum pouco amedrontado

_valha mi nossa sióara, e eu que pensava que feia era minha miuér
Quem diabu es tu criatura de Deus? E porque tanto minha pinga você quer
_sou eu mesmo, o próprio, aquele que Deus expulsou do céu
Deixe de conversa mole e me entregue logo isto, que pra mim é como mel
_diabo dos infernos, vem lá das trevas pa vim roubar minha mangueira
E se Deus do céu te expulsou, por outro motivo num a de ser, ó o tamain da feiura
Minha cachaça se num ai de roubar. Te mete a besta pa oce ver
Pois chifre se tem dois, e se num tomar cuidado nenhum a de ter
_ que pensa comigo fazer sivirino? Sou diabo e você um simples mortal
Como pretende de mim se livrar? Tenho poderes e sou imortal
_ você esta certo, com você nada posso fazer pegue a agua ardenti
Quero apenas que você tome todinha na minha frenti

Ao diabo sivirino entrega a cachaça e ele começa a beber
Já no primeiro gole o tinhoso sente seu corpo ferver

_o que fizeste disgraçado? Porque meu corpo queima?
Sinto como se me jogassem agua benta
_ enquanto ficava ai, falando que tinha poder
Ao poder divino eu recorri e minha pinga pedi pa Deus benzer
Minha vó já mi dizia: “nem mesmo o diabo tão temido
Nem mesmo ele é maior que o poder divino”

Foi-se então o coisa ruim, e com ele a escuridão da noite
E ali mesmo, encostado em uma arvore que assistiu tudo de camarote
Dormiu sivirino por doze horas, e sem mexer nem um dedo
E ao acordar, lembrou-se do acontecido, mas imaginou tudo ter sonhado

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